A pesquisa “Diversidade Aprendiz”, realizada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), aponta que cerca de 90% das empresas demonstram algum nível de preocupação com questões relacionadas à diversidade e inclusão corporativa. No entanto, cerca de 40% delas ainda não implementam programas relativos à inclusão e diversidade em sua cultura organizacional.
Avaliando este cenário, é possível afirmar que as companhias, de uma forma geral, ainda têm uma longa jornada a percorrer frente a esta temática. Por outro lado, as empresas de TI contam com papel crucial para inspirar e apoiar outras organizações a implementarem iniciativas de diversidade e inclusão efetivas, tendo em vista o poder inovativo e transformador que a tecnologia é capaz de oferecer.
O cenário das mulheres no mercado de TI
Nos últimos tempos, a discussão acerca da presença feminina no setor de tecnologia tem se expandido. No entanto, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), 83,3% do mercado de TI é composto por homens, enquanto as mulheres ocupam apenas 12,3% dos cargos, reforçando que ainda não há equidade de gênero no segmento.
Além disso, o estudo FEEx – FIA Employee Experience, indica que as mulheres apresentam 12% a mais de estresse excessivo do que os homens e 73% mais casos de burnout. Isto ocorre, muitas vezes, pelos inúmeros relatos de mulheres que trazem à tona situações desconfortáveis na rotina do trabalho, que contemplam desde constrangimentos em reuniões, até interrupções e descredibilização em seus discursos.
A partir dessa realidade, e levando em consideração os dados apresentados, torna-se fundamental que as empresas de TI se comprometam a reverter este cenário, por meio da promoção de ações específicas para mulheres e bate-papos que fomentem esta discussão, a fim de promover um ambiente de trabalho saudável e que preze pela equidade de gênero, mas sobretudo, pelo bem-estar e compromisso social.
Afinal, o setor de tecnologia exige a capacidade diária de inovar e isto é possível quando há pluralidade dentro das empresas, fomentando e estimulando a criatividade.
A tecnologia como elemento chave para a inclusão
Além das questões de gêneros, é fundamental que as ações de inclusão permeiem as Pessoas Com Deficiência (PCDs). Para se ter uma ideia deste cenário, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência 2022, aponta que a população com deficiência no Brasil foi estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, o que corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária.
Isto só reforça o compromisso das empresas em gerar cada vez mais oportunidades para esse público, indo além da abertura de novas vagas, mas investindo em ações que façam realmente a diferença.
E é neste contexto que as empresas de tecnologia podem apoiar, formando equipes de desenvolvimento de novas soluções e aplicativos que estejam atentas às necessidades dos PCDs. Para tanto, atualmente, já existem ferramentas que podem tornar esse processo mais otimizado, oferecendo recomendações de acessibilidade web focadas nos aspectos do autismo, por exemplo, abordando desde a escrita de conteúdo, até os recursos programáveis.
Desta forma, é preciso que as empresas de tecnologia sigam estimulando o investimento em acessibilidade, tendo em vista que, segundo pesquisa do BigData Corp, em parceria com o Movimento Web para Todos, apenas 0,46% dos sites foram considerados acessíveis em 2022. Portanto, é preciso reverter este cenário com urgência.
Assim, é sempre bom reforçar que empresas são feitas por pessoas e seus serviços e produtos são desenvolvidos para pessoas, o que reitera que todos, em suas mais diversas características e particularidades, devem ser levados em consideração. E isto também é estar dentro das práticas ESG (Environmental, Social and Governance), oferecendo um olhar cuidadoso e fortalecendo, cada vez mais, as iniciativas pensadas para o pilar social.
Ana Kolinsque, Gerente de DHO (Desenvolvimento Humano e Organizacional) e Fernando Alvarez, Gerente de Marketing, ambos da Digisystem.