O mercado de tecnologia está constantemente em evolução, trazendo sempre inovações e melhorias para as empresas que investem nas tendências tecnológicas mais atuais do momento. Um levantamento realizado pela TOTVS apontou que 85% das empresas brasileiras ampliaram seus investimentos em TI nos últimos três anos. Indo no mesmo caminho, 90% das companhias da América Latina pretendem incrementar seu investimento em tecnologias emergentes nos próximos doze meses, de acordo com uma recente pesquisa do Harvard Business Review Analytic Services e NTT DATA.
Em 2022, as tecnologias apontadas como principais tendências pelo Gartner eram, dentre outras, data fabric, cibersegurança e hiperautomação. Agora, neste ano, diferentes tecnologias ganharão notoriedade, não apenas pelo viés de novidade em si, mas também pelo ganho de importância ou maturidade adquirida em pauta há algum tempo.
Dentre as mais distintas tecnologias atuais do mercado, seis se destacam para sustentarem e expandirem os negócios das empresas neste ano. A primeira delas é a WEB3, considerada como uma modernização da internet, oferece uma experiência imersiva dos usuários e descentralização. Desta forma, utilizando como base tecnologias de Inteligência Artificial, Blockchain e NFTs, a WEB3 disponibiliza aos usuários ferramentas para obter maior controle sobre seus dados e atividades online.
Outra tendência para 2023 é o investimento em Multicloud, uma estratégia de utilizar multi provedores de nuvem a fim de explorar o melhor de cada provedor, seja pelo custo de licenciamento de produtos, modelo de consumo, localização geográfica ou mesmo como parte de um plano de continuidade do negócio. Essa tendência tecnológica conquista cada vez mais companhias interessadas em ampliar sua capacidade computacional, segurança e disponibilidade, bem como otimizar gastos.
Além disso, após um intenso movimento de migração para a nuvem (move to cloud/lift and shift) nas organizações nos últimos anos, a Modernização das Aplicações também se destaca como uma tendência tecnológica e tem se tornado primordial para que as companhias façam um melhor uso dos recursos computacionais de nuvem sem a necessidade de provisionar máquinas virtuais, garantindo, assim, maior eficiência operacional e gestão financeira destes recursos em nuvem.
Além disso, os Dados são mais uma das tendências para este ano. Por conta da alta digitalização e consequente aumento de sistemas, pessoas e ferramentas conectadas, a geração de dados também tem se expandido nas empresas, os quais precisam ser acessados, organizados e gerenciados de forma estruturada, com emprego de tecnologia e baixo custo. Para isso, é necessário possuir uma estratégia bem definida para extrair valor destes dados com o objetivo de alavancar seus negócios e ganhar posições mais altas no atual mercado competitivo.
As plataformas NoCode e LowCode também se apresentam como tecnologias emergentes no mercado atual. Com o objetivo de diminuir ou eliminar a quantidade de código necessário para o desenvolvimento de programas, essas ferramentas permitem que usuários sem grande experiência em desenvolvimento, mas com conhecimento de negócio e boa lógica, também elaborem softwares e soluções para problemas de negócios sem precisar codificar.
Por fim, a sexta e última tendência tecnológica para 2023 é a aplicação do Blockchain no âmbito corporativo, que pode contribuir para otimizar a segurança em relação a troca de informações entre diferentes instituições, garantir a integridade e permitir que companhias desenvolvam novos produtos a serem comercializados fazendo uso de moedas digitais.
Com a utilização dessas soluções tecnológicas, empresas de diversos segmentos da economia poderão obter benefícios. O setor de educação, por exemplo, ao implementar uma estratégia de dados bem definida, permitirá um melhor uso dos dados gerados pela interação dos alunos com as plataformas de EAD e diversos canais digitais. Já para os segmentos de energia, saúde, bancos e meios de pagamentos, o emprego de Multicloud e modernização de aplicações serão muito vantajosos, oferecendo mais agilidade, segurança e escalabilidade às empresas. Além disso, o setor de bancos e meios de pagamentos devem investir também no uso do Blockchain.
As ferramentas LowCode/NoCode, por sua vez, serão interessantes para aquelas empresas que buscam democratizar o acesso a automação de processos ou à criação de fluxos de trabalho entre sistemas distintos que podem ser utilizados por qualquer colaborador da organização. Dessa forma, as companhias tornam-se mais ágeis e reduzem drasticamente os prazos de projetos, colhendo mais rapidamente os resultados dos investimentos.
E a WEB3, ainda que com uma execução comercial tímida, deve abrir oportunidades para novas formas de desenvolvimento de aplicações que passam a rodar de forma descentralizadas com dados distribuídos em cada um dos nós de uma rede de Blockchain com tokens e uso de APIs para consumo das informações, permitindo que o usuário a qualquer momento revogue e/ou conceda o acesso às suas informações.
A fim de atender tamanha complexidade e evolução tecnológica, que a cada ano aumenta, os profissionais do setor de tecnologia são peça fundamental neste cenário. De acordo com um relatório da Brasscom, por exemplo, o setor de Tecnologia da Informação aponta uma demanda média de 159 mil profissionais ao ano até 2025 no Brasil, o que reforça a importância e uma alta demanda destes profissionais bem capacitados no ramo.
O mercado de tecnologia é muito carente em relação a profissionais qualificados não apenas no Brasil, mas no mundo e o ritmo de atualização tecnológica mundialmente é bastante acelerado, o que dificulta a chance de encontrar profissionais com muita profundidade em determinadas tecnologias.
Portanto, para melhorar este cenário, é imprescindível que além de haver um investimento nas tecnologias emergentes, haja a criação, por exemplo, de programas de capacitação por meio das empresas e organizações, em associação com grandes fabricantes de tecnologia e universidades, com o intuito de investir na otimização da formação de talentos cada vez mais preparados para a realidade do mercado.
Além disso, é preciso que o próprio profissional por iniciativa própria se desenvolva a partir do vasto material disponibilizado por inúmeros fabricantes e companhias, bem como desenvolvam suas habilidades relacionadas a soft skills, especialmente por conta do aumento do trabalho remoto em algumas empresas.
Com profissionais capacitados, parceiros estratégicos e visão de negócio bem definidos para o ano de 2023, estarem alinhadas com as tendências tecnológicas certamente será um movimento natural para as companhias que buscam seu crescimento constante, lembrando sempre que quem inova, alcança novos patamares no mercado, mas aqueles que escolhem permanecer na situação atual, dificilmente chegarão a altos níveis.
Eduardo Valverde é diretor de operações para novas tecnologias da Digisystem